Em ' Cara de pão frito e eu ,’ Benny, de 11 anos, vive um verão inesquecível na casa de sua avó, na reserva Navajo. O filme evoca fortes sentimentos de nostalgia, que são multiplicados pela narração. A presença do narrador mostra ao público que o protagonista está olhando para uma época, algo que se foi e se perdeu. É lembrado com carinho e com um aperto no coração porque é apenas uma lembrança reproduzida. A identidade do narrador acrescenta mais gravidade a essas emoções. SPOILERS À FRENTE
O narrador do filme é o Benny mais velho, de idade não especificada, relembrando o primeiro verão que passou na casa da avó com a clareza que só pode acompanhar algo que deixa uma marca indelével na pessoa. A narração é feita por Billy Luther, escritor e diretor do filme. Ele revelou que a ideia de fazer uma narração não estava no roteiro original. No entanto, ele desejado para “mergulhar mais fundo no velho Benny olhando para trás e em seus pensamentos sobre a vida, sem contar muito ao público”, e decidiu adicionar a narração.
A princípio, optou-se por utilizar outro ator para a dublagem. No entanto, o diálogo deles não atingiu a emoção que Lutero buscava. “Tratava-se de enfatizar certas palavras que eu dizia de uma maneira particular quando falava sobre minha avó”, acrescentou, revelando como acabou decidindo a ideia de fazer ele mesmo a narração. Isso, junto com os vídeos caseiros granulados que encerram o filme, dá à história um toque de documentário, fazendo com que pareça ainda mais real para o público.
Embora ‘Frybread Face and Me’ seja uma história fictícia, é, em grande parte, inspirada nas próprias memórias de infância de Lutero. Fazer a narração o levou de volta àquela época da infância, quando passava os verões na casa da avó, e lembrar de tudo isso trouxe à tona muitas emoções que se manifestam em sua narração. “Minha avó faleceu uma semana antes de começarmos a filmar, então eu realmente precisava dessa emoção na voz. Quando você faz um filme, tudo gira em torno do processo de edição, e nós editamos durante um ano. Algumas coisas não acertaram, mas quando colocamos meu VO lá, isso realmente impressionou”, disse o diretor, revelando como a narração o fez adicionar uma nova camada à história.
O uso da narração enquadra o verão de Benny como uma foto antiga, algo que ele volta de vez em quando e olha com carinho. Cada parte é revisitada, até mesmo a amargura inicial do tio Marvin, com uma espécie de dor de cabeça que só pode surgir das memórias de infância. Também se torna um dispositivo para preencher lacunas, para dizer coisas que de outra forma não seriam ditas entre Benny e as pessoas com quem passou o verão, ao mesmo tempo que aproxima o público do protagonista, fazendo-os sentir como se continuassem com sua história. na idade adulta, onde agora se sentam ao seu lado, ouvindo sua história.