‘Há algo no celeiro’ é um emocionante filme de terror e fantasia dirigido por Magnus Martens que leva o público através de um conto assustador, mas bem-humorado, ambientado em um país das maravilhas do inverno norueguês. Mertens, conhecido por seus filmes de ação ‘Jackpot’ de 2011 e, mais recentemente, ‘SAS: Red Notice’ de 2021, pode ter se aventurado em um espaço não ensaiado; no entanto, este filme prova ser uma indução adequada ao gênero.
Estreado em 2023, o filme não se detém em momentos de alegria e terror ao mesmo tempo em que é munido de muitas risadas para equilibrar as coisas. Apesar de ter ritmo e estrutura sonora moderados, os elementos de fantasia e os desfechos não resolvidos do filme podem deixar o espectador com algumas dúvidas no final, principalmente sobre o elfo. SPOILERS À FRENTE
O filme segue Bill Nordheim, sua esposa Carol, filha Nora e filho Lucas enquanto eles se mudam para uma casa remota em Gudbrandsdalen, Noruega, que ele herdou de seu falecido tio. Bill aproveita esta oportunidade para realizar um sonho ancestral há muito perdido, de retornar à sua terra natal. Junto com a antiga casa, a família herda um antigo e peculiar celeiro que guarda seus próprios segredos.
À medida que se mudam, a família luta para se adaptar ao novo ambiente. Ao se instalarem, Lucas descobre um elfo mítico do folclore norueguês, ou o que os locais chamam de “nisse”, morando no celeiro. Segundo as lendas, esses elfos permanecerão dóceis se não forem provocados. A família decide comemorar um Natal barulhento e alegre, o que enfurece a criatura. Agora, o elfo tentará fazer de tudo para se livrar deles.
Três preocupações cruciais que não podem ser toleradas pelo elfo são ruídos altos, luzes brilhantes e mudanças às quais o elfo é continuamente submetido quando a Família Nordheim chega. Para começar, a sua chegada desencadeia uma das preocupações do elfo – a mudança. Isso é temporariamente atenuado por Lucas, que é amigável o suficiente para abordar o elfo no celeiro com um pouco de comida.
Nos dias seguintes, o elfo, com a impressão de que a família não é tão ruim quanto parece, ajuda nas tarefas da casa. Ele primeiro limpa a neve da garagem e depois corta lenha para eles, vendo Bill lutar com isso. Porém, as coisas começam a mudar drasticamente quando Bill arruma a área externa da casa com luzes e um Papai Noel inflável falante. Irritado com as luzes, sons e mudanças, o elfo destrói suas decorações. Lucas sabe que é obra do elfo e avisa a família, mas eles não acreditam nele.
Sem saber que suas ações anteriores foram um aviso, Bill e Carol decidem conhecer os moradores locais organizando uma festa de Natal no celeiro. Festivamente, a festa tem música alta, muitas luzes e muita gente. Esta acabou sendo uma noite de sucesso, mas um grave erro por parte da família, já que o elfo perturbado agora recorre a causar estragos dentro de sua casa. A família fica perplexa com a situação e chama as autoridades, mas Liv, a policial, acha que eles beberam demais e descarta a acusação de qualquer crime.
As coisas pioram quando Bill revela à esposa que seu tio faleceu em um acidente estranho. Carol agora acredita que a casa está mal-assombrada e que os estranhos incidentes ocorridos são sinais de que o fantasma de seu tio está vagando pelos corredores de sua casa. Frustrados com tudo o que aconteceu nos últimos dias, a família senta-se para um jantar tranquilo, onde Bill os apresenta a uma iguaria local norueguesa de peixe fermentado. Incapaz de comer a comida, Carol sai furiosa e tem um acesso de raiva, pois o resto também não consegue comer. Lucas, sendo a alma gentil que é, pega as sobras e deixa no celeiro para o elfo. Até o elfo não consegue comer a comida estranha e fica ainda mais furioso e, desta vez, seus planos acabam sendo mais letais.
Raymond, um morador local, aparece em sua casa vestido de Papai Noel para surpreender as crianças com presentes. Ele vê o elfo e pensa que é Lucas. Raymond se aproxima do elfo, que o mata brutalmente com uma ponta de gelo e pendura seu cadáver no telhado lateral do celeiro. Bill, que encarregou Raymond da surpresa, sai de casa esperando sua chegada. Ele vê seu corpo e, em estado de choque, reúne as crianças e sua esposa para irem imediatamente para o carro. A família aqui, pela primeira vez, encontra o elfo pessoalmente. Eles finalmente começam a acreditar nas afirmações de Lucas.
Ao longo do filme, os Nordheims repetidamente participaram das três preocupações mais intoleráveis do elfo, que o enfureceram a ponto de não ter mais volta. Apesar dos gestos gentis de Lucas para ele, isso adiou apenas ligeiramente a ira da raiva do elfo. O próprio fato de terem se mudado para a casa, aliado às festividades da temporada, causou a raiva do elfo. Só podemos imaginar o quão terrível teria sido se a curiosidade de Lucas não tivesse estendido a mão em amizade com o elfo: os Nordheims não poderiam ter sobrevivido, acabando por trazer paz ao elfo e horror aos habitantes da cidade vizinha.
Após a batalha com o clã dos elfos, a família Nordheim sai vitoriosa, afastando os elfos da propriedade. Os elfos já causaram bastante destruição na casa e mataram duas pessoas inocentes: a policial Liv e Raymond, um morador que iria surpreender a família, trazendo presentes fantasiados de Papai Noel. Eles também libertam Tor Åge, que foi baleado, mas sobreviveu milagrosamente durante a luta. Ele afirma ter negociado um cessar-fogo com os elfos.
O elfo que salvou a família agora olha com tristeza para sua casa sendo totalmente queimada. Lucas sugere que permitam que o elfo fique com eles, mas sua madrasta Carol duvida que seja uma boa ideia, argumentando com ele que se a família ficar lá, isso só vai acabar enfurecendo ainda mais o elfo. O filme aqui confirma vagamente que eles não ficarão nesta residência, mas não necessariamente confirma que voltarão para os Estados Unidos.
Fora isso, não há grandes indícios do que a família pretende fazer após os acontecimentos do filme. Com a confirmação da saída da propriedade, nascem dois cenários para o futuro da família. Uma é que eles permaneçam na Noruega, mas saiam daquela casa e continuem a realizar o sonho de Bill de viver no seu país ancestral. A outra é que retornem aos Estados Unidos e retomem a vida em um ambiente mais familiar. Dos dois cenários, o último é mais provável, já que a experiência estranha na sua casa na Noruega teria potencialmente deixado para trás algum trauma profundo.
Com toda a probabilidade, Bill, apesar de saber que a Noruega é um país muito seguro para se viver, teria aceitado a sua família de volta, considerando a reação progressiva que recebe deles por se mudarem para a sua casa ancestral em primeiro lugar. Durante o ataque do elfo, Bill e sua família se trancam em um quarto, e Bill aproveita a oportunidade para se desculpar com eles pela mudança, alegando que toda a situação é culpa dele. Nesse caso, o próprio Bill acredita que decepcionou sua família e, por sua vez, faria qualquer coisa para mantê-los felizes e seguros. Ele sabe que Carol, Nora e Lucas passarão por momentos difíceis na Noruega, o que pressionará ainda mais sua decisão de voltar para os Estados Unidos.
Enquanto o elfo, ou como os locais os chamam, “Nisse”, que salvou a família Nordheim, observa sua casa em chamas, ele sente uma profunda tristeza. Sabendo que não terá onde morar, Tor Åge se solidariza com o elfo e o convida para morar no museu dos elfos ao ar livre que ele montou na cidade. Sendo a solidão e a paz as características mais marcantes da exposição, Tor Åge sabe que o elfo ficará bem ali. Lucas pede a Tor que prometa que cuidará do elfo, ao que Tor diz que será uma honra fazê-lo. A família se despede e o filme vai para a cena final.
Os três maiores problemas que o elfo não pode tolerar são ruídos altos, luzes fortes e mudanças, que a exposição, apropriadamente chamada de “Nisseland”, aparentemente não tinha. Além disso, nunca recebe muitos visitantes. Lucas é um dos poucos que o fez quando a família visitou o centro da cidade pela primeira vez. Aqui, ele é apresentado pela primeira vez a Åge, que dirige a instalação externa e lhe conta a história do elfo do celeiro. Lucas também é apresentado às três coisas que o elfo não gosta aqui.
A mesma exposição serviria como lar ideal para o elfo. Os moradores locais não notariam o elfo entre as réplicas colocadas na instalação, dando-lhe um local perfeito para se esconder. As decorações e medidas da exposição acomodam perfeitamente a estatura do elfo. Tor Åge, fascinado por história e cultura, ficaria cativado pelo elfo. Em busca de aprender mais sobre o elfo e sua espécie, Tor Åge garantiria seu bem-estar e segurança.
No final, o filme dá a entender que Tor Åge cuida do elfo e, por sua vez, o elfo cuida do museu ao ar livre. Afinal, “Nisseland” foi construída como uma imitação de um assentamento de elfos, como o nome sugere. Contanto que Tor não faça nada precipitado, o elfo provavelmente ficará bem, desfrutando da paz e serenidade de seu novo lar.